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sexta-feira, 27 de maio de 2011

O desmaio


-Adeus Paris! – Foi a última fala da peça.
Acabou a peça, eu me troquei, tirei a maquiagem e sai correndo para encontrar uma garota que tinha marcado um encontro comigo. Não precisei correr muito, ela estava na platéia. Claro ela foi me ver aquela noite.
Ela chamou umas amigas, que também viram a peça e então fomos tomar uma cerveja...
Cerveja?... 
Chegamos em uma balada, numa travessa da Augusta, que não me lembro o nome, era quinta-feira dia 2, e a festa era a fantasia???
Se eu soubesse não me apressava tanto para me trocar e tirar a maquiagem.
Paguei cincão para entrar, dizendo adeus para duas cervejas!...
Dancei, dancei muito com a gatinha e bebi, bebi também.
Dançamos mais um pouco e eu bebendo cerveja, resolvi beber mais. Pedi uma caipirinha. Bebi mais!
Hora de ir embora! Ela acorda cedo para o trabalho, eu estava de folga, dormiria até tarde, ou melhor, até a tarde.
Eu ofereci minha cama, ela disse:
- Preciso te conhecer melhor!
Eu pensei...
-Existe melhor forma?
Mas não dizendo nada permiti que ela me deixasse próximo da minha casa, à caminho da dela.
Deixou-me no posto, Consolação com Caio Prado, próximo a minha casa... E próximo a um boteco bacaaaaanã, que fica naquela praça!
Não sei se vocês perceberam mas naquela história toda de cincão, dança, bebida, mais bebida e  bebida, eu tentei ficar com o isqueiro dela, Mas ela “malaca”, conseguiu ficar com ele pra si...
- Vou naquele boteco bacaaaaanã, ver se arrumo um isqueiro para acender o meu cigarro. Pensei.
Fui.
- Boca, cara, beleza?
- Beleza Bigu?!
- Cara eu quero beber! Já bebi, estou solteiro e quero beber mais!!!
- Nós já estamos tomando umas aqui!
- Não, eu não quero tomar não, eu quero é fumar um!!!
- Eu tenho um aqui, só falta a seda!?
Saio para procurar a seda, em quem esbarro?!
- Barba...
- Você sabe quem tem?
- He, eu iria perguntar a mesma coisa!
- Hoje estou de folga quero chutar...
- Depois a gente conversa...
Arrumei a seda, voltei, ele me passou, eu fui ao banheiro, bolei.
Voltei, dei um sinal ao Barba, atravessamos a rua e pimba...
Começamos a falar de Shakespeare, Hamlet!
-Viram o Wagner Moura no Hamlet?
Um, - Eu vi! Outro, - Ainda não vi, mas preciso ver!
- O cara arrebenta...
- Ele tem a malandragem do Personagem...
- Ele fez um Hamlet como nós (nosso tempo)...
- Ele entendeu o personagem...
- E tem tipo...
- Tipo?
- É, tipo, o bom ator é aquele que faz bem o personagem que lhe cabe!
- E é verdade, todos nós temos limitações, é normal do ser humano, não é tudo que vamos conseguir fazer, mas fazer bem seu papel, do personagem que lhe cabe, é o que faz o bom ator.
Retornamos para o outro lado da rua, o lado do Boteco bacaaaaanã.
Conversando, Barba estava falando, ainda sobre Shakespeare, quando senti que algo estava estranho... Meu batimento cardíaco não estava normal, sentia a necessidade de me sentar, não achava cadeira, encostei na parede, perguntaram se eu estava bem, a vista escurecia, disseram a palavra sal...
Acordei e estavam me levantando do chão. Disseram:
- Lipotímia !
- Desmaio Bigu, desmaiou... Você está bem?
- Ah?
Acordei de novo! Me seguravam.
- ...levar pro hospital!
- Que hospital, ele precisa de sal.
- Traz sal!
Comi sal, me levaram para fora e trouxeram uma coca.
Conversaram comigo e eu disse que estava bem.
Bem, eu estava melhorando!!!
Melhorei.
- O que aconteceu?
- Você desmaiou cara?
- Desmaiei?
- Eu já te vi no chão!
- Cai no chão?
- Caiu, mas eu te levantei, segurei seu queixo, você fazia – Haanaam! – Haanaam – Haanaam! Para você não parar de respirar!
- Caraca o negócio foi trash!
- Não que isso, não foi nada, já vi piores..
- Fazia tempo que eu não passava mal assim!
- Se eu soubesse teria vindo também.
- O bagulho era bão!

De alguém especial

Talvez tenha sido por um olhar,
Talvez por um sorriso,
Talvez tenha sido por aquelas palavras ou talvez aquele instante contigo.
Talvez, um dia, estaremos juntos e talvez tudo será esquecido,
Talvez possa existir outro momento e aí quem sabe....
Nem tudo estará perdido.
Talvez!

Perguntaram-me

- O que ela tem de tão especial?
Já comecei dizendo, ela têm – no plural! Porque não é uma, são várias, e não praças, pois é única. Se bem que às vezes parece multiplicar-se... Não, são os copos a mais, não só eles.
Ninguém se refere a Praça Roosevelt sem aludir, no mínimo, duas de suas particularidades numerosas. Uma praça modesta que permite dela, falar o necessário.
Poetas, gente de teatro, gente da música e da tinta. Gente normal também tem. Lá tem arte e a criatividade borbulhante. Lembra-me o caldeirão de feijoada do La Barca aos sábados a tarde, as sombras das arvores, Os Satyros I e II, o 184, o Teatro do Ator, os gentis Parlapatões, mais um boteco o PPP... Do outro lado um colégio e na Rua Gravataí o Ria. Próximo tem o famoso “Arena”, além da Companhia do Feijão, Galpão Folias e o Fábrica.  Às vezes parece que vai transbordar.
O que eu preciso.
Ela precisa estar lá. Com as mesas nas calçadas. Vida ativa para o bem comum. De um todo.
Se não tivesse a Praça Roosevelt, eu seria menos feliz.
Se tirasse ela de mim eu ficaria triste.
A biografia ficaria sem graça...
Bicho, Ela é Especial.

Fora um encontro mais-que-perfeito.

Então nos víramos naquele café, daquela linda rua, naquele bairro agradável.
Meio sem jeito - os dois – começáramos assunto que ainda não soubéramos ao certo se fora um assunto, mas que certamente fora o ponto de partida.
Sorrisos, gentilezas, histórias impressionantes (foram elas como foram).
Entre nós, carinhos. Leves toques nas mãos bastaram, mas quiséramos muito.
Mais histórias, carinhos e com vontade maior, a do beijo.
Aí não tivera fim. Durara, sabe...

Por sentir falta

Sinto sua falta,sim, eu sinto.
Sua falta, sim eu sinto
Falta, sim, eu sinto sua
Sim, eu sinto sua falta
Eu sinto sua falta sim.
Sinto sua falta, eu...

Uma análise do poema Áporo de Carlos Drummond de Andrade


Áporo é uma palavra que até o momento têm 3 significados.

- Um inseto que cava terra a dentro
- Um teorema sem solução ou de difícil solução
- Uma orquídea

À primeira vista, esse poema de Carlos Drummond de Andrade(1902-1987) não impressiona muito, mas é simplesmente genial.

Temos, então, um áporo (inseto) que está em um áporo (situação difícil) e se transforma em áporo (orquídea).

Agora vem o melhor. Dissequemos o ponto central do poema, que é o inseto. A palavra vem do latim insectum, cujo radical é sec e indica que os insetos possuem corpo segmentado (imagine uma formiga e seu corpo compartimentado, por exemplo). No português temos a palavra inseto, cujo radical portanto é se.
A seguir, tomemos o radical se e listemos todas as sílabas que têm afinidade sonora com ele: si, ce, ci, ze, zi. Consideremos também o seu inverso es e sílabas afins: es, is, ez, iz, ex, ix.

Vamos então voltar ao poema e procurá-las:

Um inSEto cava
cava SEm alarme
perfurando a terra
SEm achar EScape.
Que faZEr, EXausto,
em paÍS bloqueado,
enlaCE de noite
raIZ e minério?
eIS que o labirinto
(oh razão, mIStério)
prESto SE dESata:
em verde, soZInha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-SE.

Observe como na primeira estrofe o radical se aparece "aprisionado" atrás de uma barreira de palavras.
 Nas duas estrofes seguintes, ele começa sua metamorfose em ze, ex, is, ce, iz e es. Na última, sofre a transformação final e liberta-se na palavra forma-se, na qual sílaba brota livre, como uma flor na ponta do caule. Forma-se verde como a esperança e antieuclidiana, desafiando toda a lógica.

Eis a minha Viajem:

Um inSEto cava
cava SEm alarme
perfurando a terra
SEm achar EScape.

Neste enigma o inseto – indivíduo se encontra em uma situação aporética, labiríntica. Perdido e oprimido por um regime que não lhe concede a liberdade
Veja como o poeta brinca com o radical da palavra Inseto, misturando o se do meio de uma palavra, levando ele para o começo de outra e o invertendo es. (Inseto - indivíduo perdido)

Que faZEr, EXausto,
em paÍS bloqueado,
enlaCE de noite
raIZ e minério?

Veja aqui como no centro do poema o inseto – indivíduo se perde mais e passa por um processo de metamorfose através de um trabalho árduo e paciente. O radical se depois de se inverter ele torna-se ze, ex, is e ce em um país bloqueado, envolto por terra sem muito que fazer a não ser cavar - trabalhar pacientemente para se encontrar, se libertar. Enlace de noite , escuro sem poder se ver ou ver o que faz, como saber para onde cavar e como cavar pois ele esbarra-se e complica-se, perde-se, mistura-se entre raiz e minério os quais são seus obstáculos.

eIS que o labirinto
(oh razão, mIStério)
prESto SE dESata:
em verde, soZInha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-SE.

No final da luta e ainda em metamorfose o inseto – indivíduo rompe toda a razão e o mistério da matemática. Antieuclidianamente.
Antieuclidiana, é uma referência à anti-razão. A razão está representada por Euclides, pai da matemática.
Rompendo a razão da matemática de Euclides, o inseto - indivíduoem forma de esperança verde brota em flor de três pétalas como oTriangulo de três pontas e lados iguais (a forma perfeita).
E separa-se da palavra forma, ganhando sua liberdade, se – individual, sendo melhor que as dificuldades.

O poema dá margem a várias interpretações. O áporo-inseto pode ser o cidadão oprimido pela ditadura no "país bloqueado", silenciosamente tramando a libertação na clandestinidade, "no enlace de noite, raiz e minério". A linha "presto se desata" sugere isso na alusão ao sobrenome do revolucionário Luís Carlos Prestes.
O áporo-inseto também pode ser o poeta que enfrenta o desafio da página em branco e finalmente logra escrever o poema. O texto vale-se de uma corruptela da corriqueira expressão "sem alarde" para acomodar "sem alarme", homenageando assim o poeta francês Mallarmé.

E as Tranças

Cheiro pele clara,
Límpida água.
No corpo que escorre
E desenha.
E gotas,
Luz que brilha,
Cores diamante.
E as tranças,
E as tranças,
Estão lá, costeiam ...

Indigência

A minha vontade é de não pensar mais nela.
Não falar com ela,
E nem dela.
Não encontrá-la,
Não tê-la conhecido.
Mas eu a conheci,
A encontrei.
E dela eu falei,
Com ela também.
Essa minha indigência que  não me deixa esquecê-la!

Relações sociais.

Engraçado como as pessoas estão se relacionando hoje em dia.
Como eu me relaciono?
Isso é o engraçado, não sei e acho que muitos não sabem!
É verdade oras, o casamento por exemplo, não passa de uma instituição falida a muito tempo.
Quem são os novos casados? Quantos são? Quanto tempo ficarão casados consumindo o que a sociedade moderna lhes oferece?
Puta que pariu a igreja já não está dando conta de sustentar suas mentiras...
O governo, bem, esse sim mantém o povo do jeitinho que ele quer.
E quem governa???
Isso também é engraçado, têm gente que não sabe.
Quer saber, sociedade moderna de cú é rola! A real é que a cada dia que passa; a cada computador mais inteligente; a cada Record batido; a cada geladeira maior ou a cada modelo novo na vitrine, o homem se aproxima mais da sua verdadeira vontade existencial – a de gozar e de andar pelado. Não fui eu quem disse, Freud deixou isso registrado nas entrelinhas de suas pesquisas. Não, não o levem a sério! Yung  seguiu outras vertentes, Moreno, Stainer...
Vai toma no cú!
Razão, quem tinha foi aquele que criou a primeira história mitológica.
Por mais que inventamos, melhoramos ou sei lá que caralho endureça, ainda não entenderemos o porquê de tudo... O que é esse grande cosmo que vivemos?
De onde saiu tudo isso?
De um grande Bum? Certeza mesmo não temos, mas é o que se mostra mais plausível e arrisco a chutar que será com um grande Bum (e nem precisa ser tão grande) que tudo vai sumir.
Eu acho é que estamos atrasados pra burro!
Mas não posso me revoltar e xingar porque é politicamente incorreto.
Ah se eu pego o fidumaégua que criou essa expressão...
Hipócrita lazarento.
Já que estamos aqui vamos viver, e se preocupar em estar porque ser, todo mundo é.
Será que ninguém sacou?
Precisa grifar?
Hum! É eu sei que exagero...

Ontem e hoje

Ontem...
O que eu posso oferecer... O meu sorriso nada mais.
Sedutora, se deixa seduzir... Pelos olhares, pela juventude.
Responde ao meu chamado... Da festa!
De lá ela me tira e juntos partimos.
Conheço seu ninho, seu cheiro, seu corpo e apresento-me ingênuo.
Deixo-me levar pela onda, sonora, ao fundo Follow me around – Radiohead.
Com sua hipnose experiente faz-me segui-la... Não há como...
Não há...
Banhamos-nos juntos realçando o sabor
Entrelaçado em seu corpo, desenho formas, sinto seu gosto...
Encontram-se os lábios que se perdem.
Paredes multicoloridas refletem o fulgor de nossas chamas.
E ela me mostra, mesmo que só por uma noite, como amar em seu pleno sentido, completo!
A noite vai passando. As estrelas acima do teto onde, entre cochilos e amasso estamos, deslizam pelo céu que antes negro agora brilha a luz solar.

Hoje...
O que eu tenho é pouco... não tenho mais.
Segura, não se deixa segurar... Mantém-se antagônica.
Afasta de si o cálice.
Rejeita-me, corrobora notícias incertas.
Interdita meu acesso e neutraliza meus sentidos, serve-se de minha distração.
Busco conforto na música alta e bufante  Exit music (for a film)– A mesma banda.
Entorpecido ao som, tudo passa como em uma película... Não há como...
Não há...
Banho-me só, sem paladar.
No espelho logram gotas, disformes, amargas...
Sem encontros ou desencontros.
Muralhas se erguem ao redor com pedras grandes e pesadas.
Não mais terei, nem por uma noite sequer, como amar em seu pleno sentido, mutilado!
A escuridão é inflexível. Nuvens cerradas escondem, durante a insônia e o desassossego, o nascer do dia que como mais um dia cobra seu raiar.

Do que estamos falando...

O momento em ação, na hora do seu acontecimento... 
No momento em que eu estava lá e tudo estava acontecendo.


Para falar a verdade, isso acontece todos os dias. 
Está acontecendo agora, e agora, e vai continuar acontecendo... 
Não eu narrar a verdade... Ops! Não que eu não diga somente a verdade. Eu não digo... Digo, digo. Somente acho que há alguém mentindo... Mas não é sempre que eu tenho olhos, pra isso... De desnudar a verdade ou, a falta de...

Pode ser por isso!
Hoje os Deuses do Teatro me presentearam com essa aguçada percepção. Antes de tudo eu gostaria de agradecê-los e, muito, muito Obrigado.
Estamos em todo lugar. 
Bastamos nos bem-relacionar com as variadas formas expressivas de cada individuo. 
Somos nós que temos o que ensinar uns aos outros. 

Patriota, luta pelos seus direitos... 
Não deixa na mão de político corrupto, não! 
O que não quer dizer que eu não goste da minha mãe Terra. È ela que devemos proteger. É ela que devemos amar.
Já passou pela sua cabeça que, seus netos ou bisnetos, não terão para onde ir quando o Planeta apagar? Puf! Apagar!
Não é pra mudar de assunto não, ultimamente político algum se interessaria pelo assunto. Disse claro algum, porque não gosto de generalizar. 
Sempre acredito que existe esperança, pra depois ir ver se tem alguma pra mim!

Não temos nada, nenhum acordo firmado ou documento assinado. Sequer lavrado!
Saiu alguma coisa no jornal? E no programa de fofocas? Será que eu devo ter visto alguma coisa parecida naquele canal que fala de animal?
Se alguém sabe de um lugar para fugir, meu amigo, você acha que ele vai te avisar? Senta e espera! 
Assim é um a mais para colaborar com o arrefecimento do aquecimento global. 
Palavra difícil né, pois é. Difícil é entender o que advir. (Se eu estiver errado alguém me "correge").
A Terra está aquecendo e para que isso pare, todo mundo têm que parar. Você, pretende parar? Eu?
Como assim?
Será o que mais vamos ouvir. 
E o pior, seremos nós que estaremos falando, um para o outro! 
Você fala eco, ele responde eco, você eco, ele eco... eco... eco... Fala e escuta, fala e escuta, de você para você, de você para você. E vai se perder no espaço, que não está vazio. Eu olho através das coisas, seguindo a regra do Estadão – ver algo ou alguém que se encontra do outro lado de uma superfície transparente. Está ali, tenho certeza e isso ninguém tira da minha cabeça!
Do que estávamos falando mesmo?

É por aí!Você me entende?





De costas para o espelho

Meu coração sangra
Não vejo mas sinto.
Dor seca dentro do peito
Destrói por dentro
Eu sinto.
Dissolve os vasos sanguíneos
Aos poucos me anula,
Sai rasgando.
Não quero.
Tenho medo de desaparecer...
Mas minha vontade cresce,
De me esconder
Do mundo a cada batida.
O espelho,
Já não tenho coragem de encarar!

Teste

Ator:
O que eu vou falar para você é de extrema importância, então me escute com muita atenção.
Eu quero atenção, muita atenção no que eu vou falar.

Diretor:
Então espera aí, começa de novo!

Ator:
O que eu vou falar para você é de extrema importância, então me escute com muita atenção.
Eu quero atenção, muita atenção no que eu vou falar para que você não esqueça.Vou falar de uma forma rápida e clara.

Diretor:
Nossa, vai de novo aí vai!

Ator:
O que eu vou falar para você é de extrema importância, então me escute com muita atenção.
Eu quero atenção, muita atenção no que eu vou falar para que você não esqueça.Vou falar de uma forma rápida e clara e só vou falar mais uma vez então eu preciso que você  preste atenção em mim agora com todas as suas forças.

Diretor:
Putz cara não fica chateado não mas vai , fala de novo!

Ator:
O que eu vou falar para você é de extrema importância, então me escute com muita atenção.
Eu quero atenção, muita atenção no que eu vou falar para que você não esqueça.Vou falar de uma forma rápida e clara e só vou falar mais uma vez então eu preciso que você  preste atenção em mim agora com todas as suas forças. Por favor preste atenção agora
no que eu vou falar pelo amor de Deus! Eu imploro...

Diretor:
Bom... Muito bom, perfeito olha só, o Pessoal da luz, vocês gostaram?

Pessoal da luz:
Opa, muito bom olha, muito bom mesmo! Gostamos, é isso ai!
Escuta, pede para ele fazer de novo!

Diretor:
Você faz esse favor para gente?

Ator:
?

Blecaute

Levaram meu umbigo!

(Foco de luz no canto esquerdo do palco personagem 1 sem camisa e com um curativo no umbigo).
1:
A coisa tá feia. Não dá mais para você andar com segurança pelas ruas.
Dentro de casa é a mesma coisa. Um dia você sai e quando volta encontra sua casa toda revirada quando encontra alguma coisa.
Não dá mais pra agüentar, e não adianta viu, se não tem dinheiro é o relógio, o carro, o aparelho de som, os cds! Tênis com mola então é a rodo.
Te levam tudo, até o seu umbigo!

(Foco ao fundo. Se despindo de um terno)
2:
Eu tinha acabado de parar o meu carro no estacionamento, parti em direção do escritório que fica do outro lado da rua quanto alguém esbarrou em mim com certa força. Não deu pra ver quem era.Tinha muita gente para atravessar, estávamos esperando o farol enfim, quando dei por mim já estava sem o umbigo!

(Foco ao lado direito)
3:
Eu estava saído do cinema com meu namorado, estávamos meio bobos sabe, com aquela sensação estranha, meio moles ainda, viajando na história do filme e...
Quando chegamos à rua cadê os nossos umbigos?
Temos seguro, mas temos que pagar a franquia.
(Foco no centro frente)
4:
Eu estava passando ali por baixo da marquise da Praça Roosevelt e um homem mal encarado estava vindo de encontro a mim. Logo percebi que boa coisa não seria então me virei para voltar. Foi aí que eu dei de cara com um outro homem mais mal encarado ainda... Não teve jeito. Aquele cara com olhos fundos e um puta mau hálito segurou meus braços e disse bem perto do meu nariz:
- Cadê o seu umbigo?
- Uê o meu umbigo? Questionei segurando a respiração.
Ele:
-É, o seu umbigo, cadê? Eu quero ele pra mim.
Eu tentei me soltar, mas o outro cara que vinha de encontro agora me enconchava por trás com uma coisa dura que eu podia sentir na altura do meu cóccix. Eu estava bem no meio de uma situação muito desagradável ou não. Pensei, agora é relaxar e gozar.
O cara da frente foi enfiando a mão dentro da minha calça.
-Meu umbigo não está aí! Eu disse. Enquanto o outro por trás me apertava e levava suas mãos, as duas, em direção aos meus seios.
-Aí também não está!
-Cala essa boca menina e não reage que a gente não vai te machucar!
Senti um frio na espinha que veio subindo desde ali, do cóccix, até a nuca.
-Ela tá gostando, olha só, ta toda arrepiada! Falou o de trás.
O da frente de repente arregala os olhos afasta sua cara da minha e:
- Nossa, que troço é esse?
-Não é meu umbigo! Disse.
- Puta meu ela tem um cacete!
O de trás:
-O que? Se afastando – Como assim?
O da frente:
-Caralho, e é maior que o meu.
O de trás:
-Puta que pariu meu, tu é homem!
Eu disse sim e não, depende do angulo de visão.
-Porra meu, sai pra lá traveco. Disse o de trás meio enojado.
O da frente meio confuso disse:
- Escuta aqui cara, você não tem vergonha na cara não? Vai anda logo passa esse umbigo pra cá e sai andando vai.
(levantando placas de protesto)
Todos:
Não dá mais pra agüentar!
Temos que tomar uma atitude...
Toma Danapi...
Se ninguém faz nada, nós temos que protestar...
Ao fim da Violência... É isso aí... Huruuuu! Vamos dar um pau neles...
Não! Sem pau, vamos na maciota!

(Do Prédio)
Visinho:
Olha essa algazarra aí em baixo...Vamos calar a boca!

(Para o Prédio)
1:
Não é algazarra não amigo, isso é um protesto a violência.
Alguém precisa nos ouvir, do jeito que ta não dá pra continuar...

(se mantendo na janela)
Vizinho Legal:
É isso aí, estou com vocês, esse é o barulho do bem estar.
Temos que começar um movimento em prol da paz e boa qualidade de vida!

2:
Obrigado pelo apoio companheiro.
Vamos ganhar as ruas, as calçadas... Vamos reaver o que é nosso por direito de cidadão.
O grito de ordem é... DEVOLVA O MEU UMBIGO... DEVOLVA O MEU UMBIGO...

Todos:
DEVOLVA O MEU UMBIGO... DEVOLVA O MEU UMBIGO... DEVOLVA O MEU UMBIGO...
(O visinho reclamão com o pé quebrado e de muletas desse até a rua)
Vizinho:
Que gritaria é essa em plena praça pública? Vamos sossegar as periquitas, todo mundo calando a boca. Que barulho mais sem sentido...
Baderneiros semi-nús promovendo uma putaria em praça pública e ainda por cima sem seus umbigos... A essa hora!!!

3:
Calma meu querido a gente só está...

Vizinho:
Querido o caralho, pra você é Doutor. Eu estudei pra isso.
Vamos parar já com essa baderna a essa hora senão eu vou chamar a polícia!

1:
Companheiro são duas horas da tarde!

Vizinho:
É Doutor... E vamos vestindo as roupas senão todo mundo vai entrar no cacete...

4:
Hum!

1:
Senhor Doutor, mas não estamos fazendo nada de errado, estamos justamente protestando contra a violência, contra a falta de segurança. Estamos no nosso direito.
Nós somos as vítimas. O que fazemos é de direito, é liberdade de expressão, já ouviu falar?

Vizinho:
Liberdade de expressão...Vitimas uma ova! Sem umbigo vocês não são nada. Vamos caçando o rumo de casa vai...

3:
Me desculpe meu amigo mais nos temos o direito de protestar pacificamente...

Vizinho:
Quantas vezes eu tenho que repetir, é Doutor, “cacete” eu já estou perdendo a paciência, mais uma eu caio de pau em todo mundo...

4:
Doutor "Cacete", o senhor poderia ser mais gentil...

(Partindo pra cima)
Vizinho:
Cacete é o que eu vou socar na tua bunda bicha do...

1:
Calma seu cacete, digo Senhor Doutor. Não vamos nos alterar. Com o dialogo podemos resolver essa questão civilizadamente.
 
4:
Que pena, não iria ser tão mal assim!

Vizinho:
Não temos nada para conversar, vamos circulando, circulando. Porque eu já estou louco pra distribuir pancada seus, seus, “Sem umbigos”!

Todos:
Hôôô! Mas... Nossa...Ai não...Pegou pesado... Mandou a mãe pra zona!

2:
Pera aí o senhor ta ofendendo! E o Senhor está com seu umbigo aí? Já Olhou pro seu umbigo “Hô Zé Ruela”?

(Levantando a camisa, sem umbigo, com um curativo)
Vizinho:
O que? Cadê o meu? Mas... Como pode, eu...Não é possível?!

Todos:
Está vendo seu “Oreia Seca”....
Até você já perdeu seu umbigo...
Teu passado te condena...
Da próxima vez dá uma olhada pro umbigo antes de falar dos outros...
Cabaço...
Vai pular amarelinha...

1:
Vamos embora gente, vamos ganhar as ruas vamos reaver o que é nosso...
DEVOLVA O MEU UMBIGO...DEVELVA O MEU UMBIGO...

(Saem todos com suas placas e o grito de ordem)

Vizinho:
Eu Vou processar todos vocês...

(Da janela de onde assistia tudo)
Vizinho Legal:
Ei, Psiu?!
“Zé Ruela”!!!

Blecaute